A inteligência artificial (IA) está a transformar o panorama empresarial a uma velocidade sem precedentes, e as pequenas e médias empresas (PME) não são exceção. No entanto, um recente estudo realizado pela Arlington Research em colaboração com a Coursera revela que, apesar do crescente papel da IA nas operações diárias, as PME ainda enfrentam significativas lacunas de conhecimento e formação, tanto entre gestores como entre trabalhadores.
A diferença de perceções sobre o papel da IA (o mercado alemão como exemplo)
O estudo, que entrevistou 150 decisores e 200 trabalhadores de PME alemãs dos setores da indústria, comércio, TI, transportes e logística, mostra que dois terços dos gestores (66%) acreditam que a IA já desempenha um papel crucial nas suas operações diárias. Contudo, apenas 49% dos trabalhadores partilham desta visão, indicando uma disparidade significativa na perceção da importância da IA no local de trabalho.
Quando se trata da IA generativa (GenAI), uma das tecnologias mais promissoras do momento, a opinião, no mercado alemão, também diverge. Enquanto 57% dos empregadores acreditam que a GenAI já aumentou a produtividade, apenas 48% dos trabalhadores concordam. Além disso, apenas 47% dos trabalhadores sentem que a IA contribuiu para melhorar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, com os mais jovens (18-24 anos) a expressarem maior satisfação neste aspeto.
Formação e competências
Apesar das diferenças de opinião, uma coisa é clara: tanto gestores como trabalhadores reconhecem a importância de expandir os conhecimentos em IA. O estudo revela que 88% dos trabalhadores consideram crucial o alargamento das suas competências em soluções GenAI, e 67% estão altamente motivados para se adaptarem às novas exigências do mercado de trabalho. Contudo, há uma preocupação crescente com a eficácia das iniciativas de formação oferecidas pelas empresas. Apenas 49% dos trabalhadores acreditam que a sua empresa está a utilizar a IA de forma eficaz.
Este cenário é agravado pela dificuldade das PME em atrair talentos especializados em IA e áreas correlacionadas. Cerca de 38% das empresas reportam dificuldades em contratar especialistas em inteligência artificial e aprendizagem automática (ML), o que é um reflexo da escassez de profissionais qualificados no mercado europeu.
A falta de recursos, especialmente de tempo, é apontada como o maior obstáculo para a formação contínua nas PME. Quase metade dos trabalhadores entrevistados afirmou que a falta de disponibilidade é o principal motivo para não participarem em programas de formação, uma situação que as empresas precisam de resolver urgentemente.
Para mitigar a escassez de competências, 39% das PME já recorreram à contratação de talentos estrangeiros à distância, e mais de metade (51%) estão a considerar essa opção. Paralelamente, 54% dos trabalhadores afirmaram que considerariam mudar de emprego se a sua empresa não oferecesse oportunidades adequadas de formação contínua.
O Caminho a seguir
As PME enfrentam um desafio duplo: por um lado, a necessidade de integrar a IA de forma mais eficaz nas suas operações, e por outro, a urgência em fornecer formação adequada aos seus trabalhadores. A lacuna entre a perceção dos gestores e a experiência dos trabalhadores destaca a importância de um diálogo mais profundo e de ações concretas para alavancar o potencial da IA.
Com o panorama empresarial em rápida mudança, as PME que investirem em formação e no desenvolvimento de competências estarão melhor posicionadas para competir num mercado cada vez mais tecnológico. Para isso, é crucial que as empresas reconheçam a necessidade de um compromisso contínuo com a aprendizagem e o desenvolvimento profissional, garantindo que todos os seus colaboradores estejam preparados para o futuro digital.
Com informação Computerwoche