António Guterres quer que tecnológicas assumam responsabilidade pelos danos causados a pessoas e comunidades

"Vocês têm o poder de mitigar os danos causados às pessoas e às sociedades em todo o mundo. Têm o poder de mudar os modelos de negócio que lucram com a desinformação e o ódio,"
25 de junio, 2024
António Guterres, Secretario Geral das Nações Unidas | UN Photo/Eskinder Debebe

O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, fez um apelo contundente às grandes empresas de tecnologia de consumo, exortando-as a reconhecer os danos causados pelos seus produtos às pessoas e às comunidades. Durante uma conferência de imprensa realizada na segunda-feira, Guterres enfatizou a necessidade de responsabilização por parte destas empresas, destacando o impacto negativo dos seus modelos de negócio.

«Vocês têm o poder de mitigar os danos causados às pessoas e às sociedades em todo o mundo. Têm o poder de mudar os modelos de negócio que lucram com a desinformação e o ódio,» afirmou Guterres. O Secretário-Geral das Nações Unidas criticou os algoritmos opacos que, segundo ele, empurram as pessoas para bolhas de informação e reforçam preconceitos, incluindo racismo, misoginia e várias formas de discriminação.

A conferência de imprensa marcou o lançamento de um conjunto de princípios globais das Nações Unidas para a integridade da informação, descritos por Guterres como um ponto de partida para combater a desinformação e o discurso de ódio. «Algumas partes interessadas têm uma responsabilidade muito grande,» acrescentou. «Para eles, tenho uma mensagem clara: Exigimos ação.»

Guterres também dirigiu suas críticas aos anunciantes e ao setor das relações públicas, exortando-os a parar de rentabilizar conteúdos nocivos e a evitar práticas de greenwashing. «Criativos – não usem os vossos talentos para fazer greenwash. Agências de relações públicas – procurem clientes que não estejam a enganar as pessoas e a destruir o nosso planeta,» afirmou.

O apelo incluiu ainda uma mensagem para os meios de comunicação social, instando-os a elevar e aplicar normas editoriais rigorosas e a procurar anunciantes que contribuam para a solução dos problemas, em vez de agravá-los. «Os governos devem comprometer-se com um panorama mediático livre, viável, independente e plural,» disse Guterres, sublinhando a importância de regulamentações que respeitem os direitos humanos e de evitar medidas extremas, como o encerramento total da Internet.